por Juliana Holanda
Foto: Wallacy Medeiros
Vinte quatro de novembro/ Foi lá na Universidade/ Um grande feito foi feito/ Que me deu felicidade/ criou-se uma Cordelteca/ Na maior tranquilidade/ …/ Agora muito contente/ Tenho aonde pesquisar/ Um ambiente sagrado/ para o Cordel estudar/ os poetas de Caicó/ Já podem comemorar”
Cordelista potiguar Agostinho Francisco dos Santos sobre a inauguração da
Cordelteca Poeta Djalma Mota da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Localizada no Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres), em Caicó, a Cordelteca é a única do Brasil que possui um Cordel explicando seu nascimento. O espaço possui cerca de 2500 títulos que estão sendo catalogados e já se consagra como um dos maiores acervos de Cordel do Nordeste.
Há, inclusive, edições históricas das décadas de 1930 e 1940 que são consideradas o pontapé inicial para a criação da Cordelteca. As obras foram doadas à universidade pelo monsenhor Ausônio Tércio de Araújo, enquanto esteve na diocese de Caicó.
A maior parte dos livretos chegou à UFRN por meio de doações. Para ajudar na popularização do Cordel, o poeta homenageado Djalma Mota, por exemplo, doou mais de 600 títulos do seu acervo pessoal. “Houve doações de particulares e de instituições como a Academia Brasileira de Literatura de Cordel e a Associação de Trovadores do Seridó”, afirma o coordenador da Cordelteca e professor do Departamento de História do Ceres, Lourival Andrade Júnior.
Natural do Rio Grande do Sul, Lourival Júnior conta que só conheceu o Cordel em 2009, quando foi morar em Caicó, e se interessou tanto pelo gênero literário que baseou o pós-doutorado no tema. “O folheto de Cordel é uma fonte histórica extremamente importante. É um objeto que pode ser utilizado para entender a história, sobretudo nordestina”, destaca.
Outro coordenador da Cordelteca, o professor do Departamento de História do Ceres, Joel Carlos de Souza Andrade, conta que foi alfabetizado no interior da Paraíba, lendo cordéis em casa. “Meu envolvimento com o Cordel vem de longas datas. Devo meu letramento ao Cordel”, relembra.
Joel Andrade acredita que a Cordelteca é um espaço que interessa ao público em geral, além de cordelistas e de pesquisadores de todo o Brasil. “Nosso acervo possui obras variadas. Queremos incentivar a pesquisa sobre esse gênero literário que é tão importante para a cultura nordestina”, explica.
Apesar de inaugurada em novembro de 2016, o local precisa de reforma e os cordéis ainda não podem ser consultados pelo público externo. “Estamos tentando mudar o acervo para um lugar mais adequado. A ideia é que a Cordelteca seja transformada em um espaço de pesquisa e que as obras sejam utilizadas como material didático e como fonte histórica”, explica Lourival Júnior.
Homenagem
Djalma Mota, poeta que dá nome à Cordelteca, foi eleito por cordelistas da região do Seridó potiguar para ter seu nome imortalizado no espaço. A eleição também foi contada no cordel de Agostinho Francisco dos Santos: “Sem ninguém interferir/ O nome foi escolhido/ Poeta ‘Djalma Mota’/ Por sinal bem merecido/ No meio dos cordelistas/ Foi muito bem recebido/ Um poeta conhecido/ Do Cordel protagonista/ Na cidade de Caicó/ É o primeiro da lista/ Além de ser um poeta/ É também radialista/ É um grande cordelista/ Da arte é merecedor/ Na oficina de Cordel/ Nosso mestre e professor/ E nos braços da poesia/ Terá sempre o seu andor”.
Interessados em conhecer mais sobre o trabalho ou em realizar doações para a Cordelteca Poeta Djalma Mota da UFRN devem entrar em contato com o coordenador Lourival Andrade Júnior pelo e-mail: lourivalandradejr@yahoo.com.br.
Fonte: www.ufrn.br