Uma noite de cantoria e tradição em Pau dos Ferros
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Uma noite de cantoria e tradição em Pau dos Ferros


Tradição vem do latim traditio = entregar, passar adiante. Nesse sentido, significa continuidade. Por isso, tornar tradicional um evento, transformá-lo em costume, é tarefa das mais nobres, pois contribui para o fortalecimento da cultura. No próximo sábado, dia 17, a partir das 21h, a família Ferreira, de Pau dos Ferros, no Alto Oeste Potiguar, realiza a 19ª edição da Tradicional Cantoria no Sítio Alagoinha. Serão quatro horas da mais genuína tradição musical nordestina – o repente, a poética do improviso e da criatividade - com os poetas Severino Feitosa e Zé Viola.

No local, será montada uma estrutura com telão, serviço de bar e cadeiras para até 700 pessoas, informa Odair Ferreira, um dos organizadores do evento. “É o sítio onde meus avós moraram, onde meus pais nasceram. A gente cresceu ouvindo cantoria. Era sempre na segunda ou terceira semana de novembro”, conta.

Tudo é organizado por uma família em que todos são apaixonados pela cantoria e pelas letras. Odair é advogado; o pai, Oséas Ferreira, agricultor, poeta e escritor; o irmão, Oséas Rodrigo, fisioterapeuta. E mãe, bancária aposentada, Luíza de Marilá, “assim mesmo, sem o c do final e com acento. Foi assim que meu avô quis”, brinca Odair. “Organizar a festa é como preservar a herança de nossa família”, resume.

Imagem: reprodução DVD

Nesse tipo de cantoria, lembra Odair, tudo é feito na base do improviso, baseado na criatividade dos poetas. “É a sextilha, quanto o tema é livre. Por isso, a política com certeza será um dos assuntos”, prevê. Mas a partir da meia-noite, o público pode participar sugerindo temas aos repentistas. “A gente procura dar um clima familiar à festa. A gente quer que as pessoas se sintam à vontade”, completa.

O local da apresentação fica na Comunidade de São Rafael, distante cerca de 7 quilômetros da sede municipal. Conhecida como Quadra de São Rafael, foi construída pelo avô de Odair para as festas da comunidade, cujo padroeiro, naturalmente, é São Rafael. “É onde se fazia as brincadeiras, os jantares de final de ano”, explica Odair.

O repente é poesia, tradição, cultura popular. No sábado, 17, dia da Tradicional Cantoria, a lua estará em quarto minguante. Num evento com tanta poesia no ar, bem que poderia ser noite de lua cheia.

Sobre a cidade – Também chamada de A Princesinha do Alto Oeste Potiguar, a 388 km de Natal, Pau dos Ferros completou em setembro 162 anos de emancipação política.

Segundo o jornalista e escritor Manoel Dantas, o nome é uma referência a uma grande oiticica na margem do rio Apodi e na beira da estrada onde descansavam os viajantes. Como era costume no sertão, gravaram no tronco da árvore, à ponta da faca, os ferros, as marcas do gado. Era uma espécie de anúncio barato, permanente e original. No livro Nomes da Terra, Câmara Cascudo completa: se a marca dos ferros não constasse na oiticica, apregoava-se a falsidade do sinal possessório.

A região era habitada originalmente pelos índios paiatis. A ocupação pelos colonos se consolida no início do século XVIII, com a doação da sesmaria que já era denominada Pau dos Ferros. Com a atividade de criação do gado, o povoado cresce e é elevada à categoria de vila em 1856. Foi desmembrada de Portalegre em 4 de setembro de 1856.


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