Sou grafiteiro, meu nome é Felipe, mas pode me chamar de FBlack
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Sou grafiteiro, meu nome é Felipe, mas pode me chamar de FBlack

Atualizado: 23 de jul. de 2023


Entre Cascudos, mulheres empoderadas, cenas do folclore, figuras mitológicas e do cotidiano, um índio com traços negros surge imponente e cheio de cor numa das paredes da rua Vaz Gondim, na Cidade Alta. A obra é do grafiteiro Felipe Nascimento Costa, 23 anos, conhecido nas redes sociais como @felipe_fblack.

A pintura compõe o cenário revitalizado do Beco da Lama, projeto realizado pela Prefeitura de Natal. A revitalização teve a participação de 40 artistas potiguares sob a coordenação do conhecido Dicesarlove, de São Paulo, com mais de 20 anos de carreira. Em sua trajetória profissional, Dicesarlove teve a oportunidade de conhecer ou trabalhar com alguns ícones como: Mr. Brainwash, Obey, Eduardo Kobra e atuar em locais como os EUA, Cuba, Dubai, Holanda, Japão, Suécia e Polônia.

​Resultado: o velho boêmio está de roupa nova. Com o mesmo traço da liberdade cultural, da boemia, mas de roupa nova. O espaço foi dividido de acordo com o estilo e preferências de cada grafiteiro convidado. Fábio Freitas (fabiofreitasv - foto acima), escolheu Cascudo, No caso de Felipe, a opção pelo índio foi em virtude de suas próprias origens. “Sou descendente de índio. E sou negro”, diz, com um indisfarçável orgulho.

Mas o trabalho também mexeu com outras memórias do artista. “Eu sou da Redinha e desde pequeno frequento aqui o Beco. Vinha com meu avô, com minha vó. Nunca, nem em sonho imaginei que um dia ia deixar minha arte nesse local histórico. Pra mim é um privilégio”, garante Felipe.

Ele conta que mergulhou de cabeça no grafitti aos 14 anos. Dois anos depois já começava a espalhar sua arte pela cidade. “Hoje tem trabalho meu espalhado por todas as zonas de Natal, nas praias, nos becos, em bares. Hoje, o meu sustento é o grafitti”, diz, com orgulho.

Para se manter em constante reciclagem, participa de debates, mutirões de grafitti. O último grande encontro foi em janeiro de 2018. Grafiteiros de pelo menos quatro estados do Nordeste realizam uma imersão na comunidade da África, no bairro da Redinha, durante o Africores: I Encontro de Grafiteiros. Artistas potiguares da música, artes visuais e arte educadores promoveram intervenções de graffiti, hip hop e arte urbana em residências do bairro e na sede do Movimento Cultural Nossos Valores.

Felipe também faz parte do projeto, que oferece aulas de grafitti, de dança de rua, discotecagem e atividades culturais fora do hip hop. “Segunda, quarta e sexta durante a noite a gente tem aula de brake, de dança de rua. No sábado, de 9h às 12h, temos aulas de brake só para as crianças. Depois do meio-dia a gente tem aula de grafitti. Depois a gente tem aula de tranças, as tranças nagô. No domingo, o espaço é aberto para ensaios das bandas locais”, explica..


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