Por Renato Moraes
Para quem gosta de, literalmente, bater o pé na estrada, vai aqui uma opção de longa caminhada que vem ganhando cada vez mais adeptos: Caminhos das Ararunas, uma trilha de 130 km entre Araruna e Cuité. Situada no agreste paraibano, ao longo da fronteira com o Rio Grande do Norte, o que já garante um clima mais ameno ao longo do trajeto, a trilha é a mais longa do Nordeste.
Rudson Silva
Implementada em 2021, a travessia leva em torno de oito dias entre cânions, montanhas e vales que são verdadeiros tesouros naturais brasileiros. Rudson da Cruz Silva, 29 anos, músico e acadêmico do curso técnico em guia de turismo do IFRN – Campus Cabedelo Centro (PB), que atua no ramo desde 2017, conta com entusiasmo que viu a trilha nascer. “Inclusive participai da expedição teste”, reforça. “A trilha tem vários segmentos e modais, sendo possível fazê-la a cavalo, a pé e de bicicleta”, explica Rudson.
Imagem: wikiloc.com
“Para mim, hoje, é o maior equipamento turístico, com um potencial gigante que pode ser um dos maiores meios de divulgar o comércio em pequenas comunidades, que pode mesmo ser uma das trilhas mais procuradas do Brasil futuramente”, acredita Rudson. Além disso, segundo o guia, contribui para o trade local, pois atrai um tipo de turista que costuma passar pelo menos 10 dias na cidade.
Segundo o site (O)Eco, ao longo do caminho são encontrados sítios rupestres, como pinturas, material lítico, solos com “machadinhas” e outras rochas trabalhadas como ferramentas na pré-história, assim como registros de uma história mais recente, como casarios e capelas em ruínas da metade do século passado.
Outro destaque são as rochas em forma de rostos humanos (fenômeno da pareidolia, que faz as pessoas reconhecerem imagens em diversas superfícies). No trajeto, as mais conhecidas são a Pedra do Nariz, Pedra do Chapéu, Pedra da Caveira e Pedra da Boca. O Parque Estadual Pedra Boca, na Paraíba, é reconhecido como patrimônio geológico mundial e um dos principais destinos de ecoturismo da região.
Rudson Silva
De acordo com (O)Eco, o percurso foi demarcado a partir de trilhas abertas por animais domésticos e moradores da região para ter acesso a locais com água, porções de terra para plantação, ou mesmo para encurtar distâncias criando “atalhos”. O percurso tem uma meta ambiental, trazer de volta as araras-azuis à região, e outra social, levar as pessoas para conhecer as comunidades isoladas conectadas pela trilha.
Araruna vem do tupi a´rara una e significa arara preta. Esta denominação vem dos primórdios do povoamento da região, em função da presença dessas araras em todo o território. Apesar do nome, elas têm uma plumagem azul escuro, que parece preta vista à distância.
Rudson Silva
Ainda segundo o Instituto Semea, em todo o trajeto existem locais para alimentação – em restaurantes ou em casas de moradores que estão se estruturando para receber viajantes. Para passar a noite, os Caminhos das Ararunas têm áreas de camping selvagem e áreas de camping com mais estrutura, com banheiros, chuveiros e até internet. Outra opção são as casas de moradores, o chamado turismo de base comunitária.
A trilha integra um projeto ambicioso, a Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso, que busca interligar o Oiapoque ao Chuí, nos extremos norte-sul do país. Apesar de ser uma trilha totalmente autoguiada, com os padrões da Rede Brasileira de Trilhas, a melhor forma de caminhar pelos Caminhos das Ararunas é com um condutor credenciado.
Rudson Silva dá algumas dicas para os iniciantes. “Pesquisar muito, faça alguns exames de rotina para garantir que está dia com a saúde, faça algumas outras trilhas mais leves para ir se adaptando e faça um check-list bem antecipado da data para garantir que não irá esquecer nenhum item essencial”, explica o guia, que mantém um blog rudnatrilha.blogspot.com com dicas, tanto para iniciantes quanto para experientes, registros de aventuras, além de um chek-list completo para trilhas curtas ou de longo curso. Para mais informações, ligue ou envie mensagem para (83) 99860-4409.
Comments