Chão Sagrado: livro resgata a história e sugere roteiro de visitação no Cemitério do Alecrim
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Chão Sagrado: livro resgata a história e sugere roteiro de visitação no Cemitério do Alecrim

Atualizado: 23 de jul. de 2023

A história do primeiro local público para sepultamentos na capital potiguar está contada em um livro-álbum – Cemitério do Alecrim, Chão Sagrado – lançado no dia 13 de julho, na Fundação Capitania das Artes, Ribeira, em Natal (RN). A obra é uma produção do Sebo Vermelho, organizada pelo livreiro Abimael Silva e a produtora cultural Danielle Brito. A edição do livro é do jornalista Carlos Peixoto.


Túmulo do padre João Maria, falecido em 1905, hoje nome de praça no Centro Histórico de Natal.

Imagens: Canindé Soares


Segundo os organizadores do livro, são 162 páginas com fotos e textos que montam um painel sobre um dos mais antigos – infelizmente esquecido - patrimônios histórico-culturais de Natal. "É uma pena que as autoridades da cidade não percebem, mas o Cemitério do Alecrim era pra ser um atrativo turístico como eles trabalham o Cajueiro de Pirangi, as Dunas de Jenipabu, o Forte (dos Reis Magos)", diz Abimael Silva.


Enriquecido com textos de vários autores potiguares (Câmara Cascudo, Lenine Pinto, Lauro Pinto e outros) que abordaram a importância da construção do Cemitério do Alecrim, em 1855, Chão Sagrado traz seções reunindo lendas, casos e poemas de Iracema Macedo, Zila Mamede inspirados em personagens sepultados no local. Abimael conta que desde os anos 2000 vem reunindo os textos para o livro. "O cemitério está perto de completar duzentos anos e merecia um trabalho como esse", avalia.


O livro traz também uma sugestão de roteiro para visitação (incluindo um mapa com a localização dos túmulos de personagens famosos). "Quando alguém chega aqui, algum visitante que quer conhecer algumas coisas eu não penso duas vezes em dizer vamos conhecer o Cemitério do Alecrim. Apesar da depredação, do descaso do poder público, mas ainda merece uma visita", diz Abimael.

As fotos de Canindé Soares e João Maria Alves revelam aspectos de uma beleza, simples e reflexiva, que visitas e olhares apressados não detectam por trás dos muros. “Fiquei grato, feliz com o convite de Daniele, uma oportunidade de participar de um projeto importante do ponto de vista histórico documental”, diz Canindé Soares. “Foi para mim como se fosse um prêmio, ser escolhido. E participando com João Maria, que também é meu amigo, parceiro de trabalho”, completa.


Segundo Canindé, o trabalho adquire importância não apenas pelo aspecto histórico. Serve de alerta às autoridades e pessoas interessadas em aspectos de preservação do local. “Não é qualquer um ou de qualquer forma que pode se mexer, por exemplo, num túmulo”, opina.

A edição do livro vem acompanhada do filme Koimhthpion. Lugar do Sono Eterno – realizado pela Amarela Entretenimentos, com a direção de Augusto Lula, a ser apresentado durante o lançamento, em duas sessões: às 18h30 e 19h30.


Para além de um documentário, o filme completa uma trilogia de filmes de Augusto Lula sobre Natal (Ribeira Velha de Guerra, de 1993 e Arredia e Tão Só de 2015).


Ora (direis), visitar cemitérios!


Denominado turismo cemiterial ou necroturismo, a prática de visitar cemitérios é comum em alguns locais na Europa e mesmo na América do Sul. Em Buenos Aires, o cemitério da Recoleta tem intensa visitação pela arte tumular e sua importância histórica. No local estão sepultados 19 presidentes argentinos, dois vencedores do Prêmio Nobel, 10 escritores e o túmulo mais visitado e famoso onde está o corpo de Eva Peron, relata em artigo científico (clique para ler) o bacharel em turismo Weslley Carlos da Silva.


Um cemitério representa um modo de vida de uma cidade, suas tragédias, seus costumes, sua arte, representada na arquitetura dos túmulos, e sua história. No Brasil, o Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, já oferece esse tipo de roteiro para visitantes. Um dos locais mais visitados é da menina Marlene, que morreu na década de 1940 e ganhou fama de operadora de milagres.


O Cemitério do Alecrim tem uma importância histórica para Natal, por ter sido construído em meio a uma tragédia, a cólera-morbo, que assolou a cidade nos anos de 1855 e 1856. O cenário de saúde pública era precário, sendo os mortos sepultados nas igrejas de Nossa Senhora da Apresentação e do Rosário.


“Foi por este péssimo estado de saúde pública, tanto na província norte-rio-grandense como no cenário de todo país, que o Cemitério do Alecrim foi erguido, através de um decreto do Presidente da província, que proibia o sepultamento das pessoas nas igrejas e determinava a construção do cemitério”, relata o autor do artigo com referência no livro História da Cidade do Natal, de Câmara Cascudo. Inaugurado em 1856, o cemitério foi a primeira construção pública do bairro.


Serviço

Evento: Lançamento do livro-álbum Cemitério do Alecrim – Chão Sagrado

Estreia do filme κοιμητήριον - Lugar do Sono Eterno.

Data: 13/07/2023

Local: Fundação Capitania das Artes

(Av. Câmara Cascudo, 434)

Horário: A partir das 18h

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